Festival de Cannes | Palma de Ouro rende feito histórico ao vencedor
Publicado em 24/05/25 17:00
Jafar Panahi conseguiu diferentes feitos históricos ao vencer a Palma de Ouro do Festival de Cannes neste sábado (24). Campeão pelo filme It Was Just an Accident, o diretor é o segundo cineasta iraniano a levar o prêmio máximo do festival e, também, o segundo a zerar o circuito principal das mostras de cinema.
Panahi já havia vencido o Urso de Ouro do Festival de Berlim e o Leão de Ouro do Festival de Veneza antes de dominar a Croisette este ano. Em 2000, ele recebeu o Leão pelo filme O Círculo, eleito o melhor por um júri liderado pelo tcheco Milos Forman (Um Estranho no Ninho). Já em 2015 ele saiu campeão da Berlinale ao vencer o Urso por Táxi Teerã, entregue a ele pelas mãos do júri capitaneado por Darren Aronofsky (mãe!).
Antes do iraniano, apenas o italiano Michelangelo Antonioni conseguiu a tríplice coroa dos festivais de cinema. Antonioni venceu o Urso de Ouro em 1961 por A Noite, O Leão de Ouro em 1964 por Deserto Vermelho e a Palma de Ouro em 1967 por Blow Up - Depois Daquele Beijo.
O filme é estrelado por Mariam Afshari, Ebrahim Azizi e Vahid Mobasseri e se concentra em um pequeno acidente que desencadeia uma série de consequências crescentes que, por sua vez, ilustram os traumas sofridos por dissidentes políticos e outros opositores do poder.
O Omelete assistiu ao longa durante o Festival de Cannes e Guilherme Jacobs comenta como o filme lida com as injustiças e a construção dos personagens: "Um dos enormes créditos do filme vem em como o roteiro de Panahi constrói as cinco pessoas dessa jornada (ou pelo menos quatro, já que o noivo é essencialmente alívio cômico) como figuras quebradas, uma noção apoiada pela capacidade de cada ator – todos não profissionais – em expressar dores íntimas quando necessário. Essa construção permite exatamente a consideração de ambos cenários, vingança ou perdão, em doses iguais. It Was Just An Accident não tenta justificar homicídio, mas reconhece as motivações humanas que levariam alguém a tomar atitudes drásticas quando os meios legais são controlados pelas mãos que os feriram para começo de conversa, e o efeito disso, especialmente porque não há um flashback para vermos a resposta sobre Egbhal, é devastador. Ainda que Panahi use piadas ocasionais para ajudar a pontuar certas cenas – e o cineasta merece enorme crédito por não perder controle do tom do filme – e conferir aos procedimentos um ritmo mais ágil, há uma melancolia palpável correndo por baixo de tudo isso."
Até o momento, o longa não tem uma janela de lançamento definida para chegar ao Brasil, contudo, o serviço de streaming deve revelar assim que estiver disponível.
Fonte: Omelete // Pedro Strazza