É simplesmente impossível cravar o que um filme será pelo trailer, mas não tem como dizer que esta peça de marketing não nos dá uma boa noção do que veremos na tela grande. Depois de meses de ausência, poucos materiais e uma timidez incompreensível, já que os rivais estavam agressivos no mercado, a DC colocou o carro do Superman na rua com uma campanha que apresenta com vigor o novo tom do herói nos cinemas. E especialmente o último trailer, que revela o início da venda dos ingressos, traz uma esperança de que, finalmente, a DC Studios, de James Gunn e Peter Safran, encontrou uma fórmula para o herói.

As primeiras prévias foram, como esperado, alvo de críticas por inúmeros motivos. A cor, o penteado, a trilha, o cachorro, os robôs, o kaiju, as piadas, a ação. Tudo é motivo de reclamação e também de euforia – até aqui, tudo normal na terra da internet e dos fandoms. A grande questão é que Superman é um personagem no limbo há anos; nem a própria DC conseguiu entender o que fazer com ele nos cinemas após O Homem de Aço, filme de Zack Snyder que iniciou a era sombria, cínica e realista da DC, que culminou no fracasso de Liga da Justiça e o famigerado Snyder Cut. O personagem apareceu em Adão Negro, mas depois sumiu, para então finalmente ressurgir nas mãos de James Gunn.

Como foi passar um dia no set de Superman do James Gunn Direto do set de Superman: James Gunn explica futuro do DCU Diretor do set de Superman: James Gunn fala por que Supergirl é o 2º filme do DCU

Nenhum material, nenhuma entrevista conseguiu, porém, resumir tão bem o que o cineasta quer com o herói como este novo trailer. Ao mesmo tempo que denota uma mistura interessante na estética, que faz referências evidentes às adaptações clássicas enquanto traz uma agilidade na ação que nem o próprio Gunn tinha nos trabalhos anteriores – quase uma mistura da grandiloquência de Snyder com a elegância de Donner (ou Bryan Singer). Das fontes translúcidas aos efeitos supercoloridos e saturados, vemos um filme de quadrinhos ganhar vida, aparentemente sem perder o pé no chão necessário para a audiência atual.

No trailer, quando Luthor (Nicholas Hoult) discursa sobre a destruição de Kal-El, vemos um vilão clássico, poderoso e ávido por destruir alguém que ele inveja profundamente – e em seguida ameaça o que há de mais precioso ao herói, seu amor e sua família. Note também que ele não fala “matar, assassinar”, mas sim destruir. A resposta de Superman não é a violência e fúria, mas sim uma singela frase: “não importa o que você fará comigo, seus planos não funcionarão”. Ou ainda melhor, quando em outro clipe ele diz a frase mais Superman possível: “eu fui enviado para tornar este mundo um lugar melhor”.

Gunn deixa claro, acima de tudo, que Superman é sobre… ser bom. E também sobre entender o que é o mal – pelo menos nos trailers, claro. É uma visão tradicional, mais simples das coisas, mas que não deixa de ser nova para o gênero de herói atual, que tem se enxergado como algo mais cinza e sempre disposto a ser anti-herói, mais do que qualquer coisa. E a partir do trailer, que tem seus dois minutos feitos de forma bem intensa, vemos que o senso de humor e o aspecto fantástico não somem e não pesam na mensagem. Você pode ser o homem mais poderoso do universo e mesmo assim apanhar, sangrar, ter um cachorro e, no fim, ser humano. Por mais forte que o Superman seja, essa proximidade e admiração pela vulnerabilidade do ser humano comum é o que faz o personagem ser tão importante em suas melhores histórias. Se o filme será uma delas ainda é difícil saber, mas os sinais são cada vez melhores.

Fonte: Omelete // Thiago Romariz