Durante sua participação na noite de abertura do Festival Internacional de Cinema de Marrakech, o diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho falou sobre o impacto da cultura de streaming no sucesso do cinema na atualizade. 

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"Estamos passando por uma crise em termos de ir ao cinema, mas acho que com a cultura de streaming e também com a pandemia, as regras mudaram", disse ele. "Sempre foi muito claro que, para ver um filme, você iria ao cinema. Não é mais tão claro. Acho que isso está afastando muita gente da experiência de ir ao cinema. A indústria, particularmente Hollywood, tem que traçar um limite se quiserem manter o cinema vivo."

Segundo a Variety, o diretor defendeu a ideia de apenas disponibilizar filmes nas plataformas de streaming após três ou quatro meses. "Agora que O Agente Secreto está em cartaz no Brasil, deixamos claro que ele estará disponível apenas nos cinemas por meses. E só depois chegará ao streaming, muito depois. Se enviar essa mensagem, você deixa claro e as pessoas vão ao cinema, é isso que está acontecendo no Brasil", defendeu Mendonça Filho.

O diretor também admitiu não se sentir confortável com a ideia de fazer um filme apenas para streaming. "Nunca diga nunca, mas não gosto da ideia de fazer um filme apenas para uma plataforma. Não acho que me concentraria no que preciso fazer se soubesse que ele seria visto apenas em uma telinha", desabafou.

Ele brincou com o fato de ter ouvido pessoas falarem que assistiram ao seu filme de 2012, O Som Ao Redor, em 17 partes ao longo de duas semanas: "Tudo bem assistir em 17 partes, mas sei que ele teve sua melhor vida útil nos cinemas."

Tudo sobre O Agente Secreto

Ambientado em Recife, em 1977, o longa acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna a Recife após anos fora em busca de paz, apenas para descobrir que sua cidade natal esconde perigos e segredos inquietantes.

Crítica: O Agente Secreto é fantástico thriller com Wagner Moura no Brasil de 1970

A obra traça um panorama da sociedade e da política brasileira nos anos 70, tocando através dele em temas como repressão política, restrição de direitos e o uso da tecnologia como ferramenta do controle totalitário.

Fonte: Omelete // Júlia Henn