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Ninguém Tá Olhando: Série da Netflix traz trapalhadas de anjo questionador

Publicado em 22/11/19 12:00

Esqueça o que você sabe sobre anjos antes de assistir a Ninguém Tá Olhando, a nova série brasileira da Netflix. Na comédia ácida que estreia hoje, os seres alados se chamam angelus, usam gravatas vermelhas, são ruivos e têm um trabalho que é muito mais burocrático do que místico — até a chegada de Uli (Victor Lamoglia), pelo menos. Primeiro angelus criado nos últimos 300 anos, ele logo começa a questionar as regras do sistema angelical, o que leva a muitas trapalhadas (e dúvidas existenciais).

"Eu queria muito fazer uma série sobre a questionar as escolhas da humanidade, porque a gente é desse jeito, porque a gente faz as escolhas que a gente faz", diz Daniel Rezende (Bingo, O Rei das Manhãs; Turma da Mônica - Laços), criador e diretor da série, ao UOL. "A melhor maneira de olhar para a humanidade é criar um ser que não é humano e criticar a humanidade com bom-humor, porque aí as pessoas vão começar a se identificar. Então a gente criou esses angelus para poder olhar uma sociedade que não questiona, que segue padrões pré-estabelecidos e nunca questionam".

Sob a supervisão (ou não) dos veteranos Greta (Júlia Rabello) e Chun (Danilo de Moura), Uli logo quebra várias regras e se envolve com a humana Miriam (Kéfera Buchmann), o que só complica sua situação. É o terror do inspetor Fred (Augusto Madeira), que comanda seu distrito angelus como uma repartição pública, com direito a relatórios que (quase) nunca são lidos - tudo parte de uma mitologia criada por Rezende e sua equipe de roteiristas.

"A gente teve que criar tudo, todas as regras desse universo onde ele estava. Está todo mundo no mesmo plano, não tem o conceito de céu e inferno, e ao mesmo tempo tinha que ser engraçado. E como fazer isso? Então a gente foi criando essas personagens que eram meio icônicos: um questionador; outro que tem um pouco a religião; a Greta, que é um pouco a ciência; a Miriam, que é humana, e representa a progressista", explica o diretor.

Os atores também puderam se envolver no processo criativo da série - que entrega situações inusitadas e ótimas risadas ao longo de oito episódios. "Como bom nerdzinho de cultura pop, fiz todas as perguntas possíveis. A gente foi caminhando e costurando", conta Victor.

Isso se estendeu ainda às piadas que surgiam na hora das gravações, segundo Júlia. "Tinha situações que nem precisava trazer caldo, mas quando vinha inspiração a gente tinha liberdade total". "Era uma metralhadora todos os dias", completa Rezende.

Será que existem?

Kéfera Buchmann e Victor Lamoglia em Ninguém Tá Olhando
Imagem: Aline Arruda/Netflix

No universo de Ninguém Tá Olhando, os angelus são responsáveis por aquilo que, no dia a dia, parece sorte: uma vela que cai, mas se apaga, ou aquele momento providencial em que você sai de um lugar logo antes de algo cair bem onde você estava. E até os atores começaram a pensar se não haveria mesmo alguém olhando por cada um de nós.

"Você acaba lembrando de situações pelas quais você já passou e pensa 'nossa será que não existe mesmo angelus e tal?' Porque cada situação que já me salvaram...", diz Kéfera, que também ficou pensativa por conta dos calafrios - na série, o que acontece quando um humano é tocado por um angelus. "Eu tenho muito calafrio na vida. Então eu pensei 'gente, será que tem alguma coisa rondando mesmo? Será que não existe? Vai que, né?".

Mas a pouca sorte também pode ser evidência dos angelus... ou da ausência deles, no caso. "Teve um dia que meu angelus faltou. Peguei uma alergia e fiquei todo inchado", conta Victor, aos risos. A situação foi tão séria que preocupou Kéfera. "Pensei que era sacanagem, alguma cena em que botaram maquiagem, uma massa na cara dele, sei lá. Achei que não era possível. Fiquei desesperada, mas enfim, sobreviveu, passa bem", diverte-se.

Fonte: UOL Cinemas // Beatriz Amendola

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