Diretor de Bacurau, Kleber Mendonça Filho diz que governo sabota o cinema
Publicado em 20/02/20 14:00
O diretor de Bacurau, Kleber Mendonça Filho, falou sobre a situação atual do cinema no Brasil, criticando o governo por sabotar a diversidade na indústria. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa no Festival Internacional de Cinema de Berlim [via Folha].
"Estou preocupado. Temos cerca de 600 projetos que atualmente estão congelados por burocracia", explicou o diretor. Para ele, o movimento do governo atual é prejudicial para a diversidade de obras, e aumenta a dificuldade de diretores que não são dos estados do Sudeste realizarem seus projetos.
Apesar de elogiar o momento do cinema nacional no exterior - já que 19 obras exibidas na Berlinale tem produção brasileira - Mendonça Filho explicou que há um movimento atual de desmantelamento de políticas anteriores: "O cinema brasileiro tem uma longa história, o que acontece agora é resultado de vários anos de trabalho duro", disse. "É exatamente isso que está sendo sabotado agora. Sim, estou preocupado", concluiu.
O diretor, no entanto, disse que os retrocessos criam também um solo frutífero: "É quando o cinema é desmantelado diariamente, quando passamos por momentos difíceis, que é o melhor momento para fazer filmes".
Após excelente recepção no exterior, tendo levado até o prêmio do júri do Festival de Cannes, Bacurau estreou nos cinemas brasileiros em agosto.
[OmeleTV] Só o Terror Pode Salvar o Brasil: entrevistamos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; assista Leia a crítica de Bacurau Diretores e elenco voltam à cidade das gravaçõesO longa narra a história de um pequeno povoado do sertão brasileiro que dá adeus a Dona Carmelita, uma mulher forte e querida que morreu aos 94 anos. Dias depois, os moradores de Bacurau percebem que a comunidade não consta mais nos mapas, e que uma ameaça externa é iminente.
Fonte: Omelete // Julia Sabbaga