FILMES NO CINEMA

Ator que quase foi sucessor de Zé do Caixão se tornou amigo do ídolo

Publicado em 20/02/20 05:00

Com um vasto catálogo de filmes ao longo de várias décadas, José Mojica Marins, morto aos 83 anos nesta quarta-feira (19), deixou um legado para o cinema de terror no Brasil, especialmente com seu personagem mais célebre, o Zé do Caixão. Mas, acredite se quiser, ele quase teve um sucessor.

O ator Rubens Mello foi o escolhido de um concurso no SBT, entre 1998 e 1999, para dar vida a macabra figura em um novo filme. Mojica queria dar continuidade a um longa dos anos 1960 e precisava de um ator mais jovem para interpretar seu papel, uma espécie de sucessor. Foi a chance de ouro de um de seus maiores fãs, o próprio Rubens.

"O Mojica morava perto da minha avó, eu o via desde quando era criança de colo e sentia medo. A partir dos cinco anos de idade, me tornei apaixonado por terror. Comecei a acompanhar, descobrir o cinema do Zé do Caixão", conta Rubens, em papo com o UOL. "No final dos anos 1990, amigos meus disseram que ele estava procurando um sucessor e eu não acreditei, não tinha como", relembra.

Rubens Mello durante concurso
Imagem: Arquivo pessoal

"Foi então que vi no jornal uma manchete dizendo que ele realmente estava procurando. Fui até o local para vê-lo, para dizer que era muito fã. Disse que não tinha ido pelo concurso, mas ele insistiu e incentivou para que eu participasse. As etapas foram passando até que eu ganhei", conta, emocionado.

Mesmo com a vitória, o projeto acabou não tendo continuidade, pelo menos na época. O longa, "Encarnação do Demônio", acabou saindo somente em 2008 e com o próprio Mojica no papel de Zé do Caixão. "Não dava para ser o Zé do Caixão, ele já tinha encarnado o personagem para a vida dele. Não tinha como ser eu", explica Rubens, que acabou ganhando um papel como um dos servos de Zé no filme.

Imagem: Arquivo pessoal

"Depois disso, nos tornamos amigos. Eu frequentava a casa dele, ficava o tempo inteiro ao lado dele, de manhã até a noite, fazendo planos, sonhando. A gente chegou a fazer curtas juntos. A familia dele é como se fosse minha familia. A Liz (filha do cineasta) é uma irmã para mim, está sempre comigo nos momentos mais difíceis", revela Rubens, emocionado.

"O Mojica foi alguém além da sua época, quebrou barreiras; Foi discriminando aqui, fez sucesso lá fora e só depois cultuado no Brasil. O legado dele são as pessoas que continuam fazendo filmes de terror aqui", conclui.

Fonte: UOL Cinemas // UOL

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