FILMES NO CINEMA

Diretor de doc do Chorão fez última entrevista de Champignon: 'Foi difícil'

Publicado em 08/04/21 05:00

Diretor de doc do Chorão fez última entrevista de Champignon: 'Foi difícil'

Chorão e Champignon morreram respectivamente, em março e setembro de 2013
Reprodução/O2 Produções

Gabriel Nanbu

De Splash, em Santos

08/04/2021 04h00

Felipe Novaes, diretor do documentário "Chorão: Marginal Alado", gravou para o filme a última entrevista da vida de Champignon... só sete dias antes de o baixista do Charlie Brown Jr. morrer.

Ele acredita que a perda ressignificou seu projeto.

O documentário, que estreia amanhã nas plataformas de streaming Now, Google Play, Apple TV e Vivo Play, acompanha a vida de Chorão, vocalista e líder do Charlie Brown, e reúne entrevistas de parceiros, amigos e familiares.

Continua depois da publicidade
Champignon em entrevista para o documentário sobre Chorão
Imagem: Reprodução/O2 Produções

Relação complicada

Em seu depoimento, Champignon aborda as tretas com Chorão, classificando a relação como "de amor e ódio". Porém, fala com brilho nos olhos quando descreve os primeiros contatos com o amigo/inimigo.

Eu toquei 'Come as You Are', do Nirvana, e ele gostou. Me colocou no ombro e disse, 'agora você é meu protegido'. Está na minha banda e quem mexer contigo vai se ver comigo.
Champignon, no documentário
Felipe Novaes, diretor de 'Chorão: Marginal Alado'
Imagem: Reprodução/O2 Produções

Novaes contou, em coletiva de imprensa de que Splash participou, que foi "pego de surpresa" quando soube da morte do baixista, em 9 de setembro de 2013, sete dias depois de conversar com ele.

Ele afirma que a entrevista com Champignon foi "a mais dura de fazer" de todo o documentário.

Continua depois da publicidade
Eu perguntava uma coisa, e ele respondia outra. Chegou uma hora em que tive de dizer o quanto era caro o olhar dele para falar do Chorão. No fim, ele falou coisas importantíssimas.
Felipe Novaes, diretor de "Chorão: Marginal Alado"
Chorão e Champignon tinham um relacionamento 'de amor e ódio'
Imagem: Reprodução/O2 Produções

Para ele, o suicídio do baixista deu um novo significado para o projeto.

Acho que a morte do Chorão ganhou outro patamar com a morte do Champignon. Revendo a entrevista, as palavras dele tomam outra proporção. Foi a entrevista definitiva, a última.
Felipe Novaes

Fábio Zavala, um dos produtores do projeto, diz que o documentário foi apresentado a Cláudia Campos, ex-mulher de Champignon, que estava grávida quando o músico morreu.

Ele conta que Cláudia se emocionou e agradeceu pelo fato de, agora, ter um documento para contar a história do pai para a filha.

Continua depois da publicidade
Chorão em vídeo antigo, andando de skate na adolescência
Imagem: Reprodução/O2 Produções

Semanas de material bruto

Segundo Novaes, além das cerca de 600 horas de material audiovisual obtido por meio da internet e de emissoras de TV, sua equipe teve acesso a 700 horas de vídeos do arquivo pessoal do músico.

Chorão tinha um "cinegrafista oficial", Jerri Rossato, que o acompanhava sempre.

Ele calcula que, desse material, só 0,01% foi utilizado em "Marginal Alado".

Lado humano

Uma das cenas preferidas do diretor é aquela em que uma fã fura um bloqueio para conversar com Chorão e declara seu amor entre lágrimas, apesar de não ter dinheiro para comprar discos. O músico a aconselha a não gastar dinheiro com isso.

A cena em que Carol, uma fã, se declara a Chorão, na frente de um ônibus de turnê
Imagem: Reprodução/O2 Produções
Continua depois da publicidade
Você enxerga na cena a entrega genuína que ele tinha em relação ao público. É um cara que vivia da venda de discos dizendo para uma fã baixar músicas da internet.
Felipe Novaes
A relação de Chorão com a cena do skate em Santos (SP) é relatada no doc
Imagem: Divulgação/O2 Produções

Paixões e conflitos

O filme explora ainda o lado altruísta de Chorão, capaz de comprar uma prótese de US$ 42 mil para um skatista amputado, seu amor pelo skate, a relação com o filho e as muitas tretas (como a memorável cabeçada em Marcelo Camelo, dos Los Hermanos, em 2004).

Percebi que o Chorão não era diferente de todos nós. Quis mostrar que ele enfrentava questões, mas, por ser muito intenso, se via em dificuldade de lidar com a massa de emoções.

Fonte: UOL Cinemas

Veja também