FILMES NO CINEMA

A tocante história de superação por trás do filme "Meu Pai, Meu Herói"

Publicado em 02/05/19 05:00

Paul Amblard é um empresário workoholic pai de um jovem cadeirante que sonha em ser triatleta --e, quando ele perde o emprego, a oportunidade de realizar o desejo do filho se transforma em superação e poesia.

O argumento acima é o do filme franco-belga "Meu Pai, Meu Herói", atração de da "Sessão Tarde", na TV Globo, mas ele não é apenas fruto da inventividade de roteiristas e cineastas: trata-se de uma história inspirada na realidade.

Estrelado por Jacques Gamblin e Nils Tavernier, o drama do diretor Nils Tavernier é uma adaptação da trajetória do americano Dick Hoyt, um tenente-coronel aposentado de Boson que começou a competir em maratonas empurrando o filho Rick ou até carregando-o colo, quando necessário.

Dick e Rick Hoyt Imagem: Reprogução

Rick, hoje com 57 anos, nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço e, em decorrência da falta de oxigenação, desenvolveu um quadro grave de paralisia cerebral, que o impedia de andar e realizar simples tarefas, incluindo falar.

Inconformados com o diagnóstico dos médicos, que vislumbravam apenas um inevitável estado vegetativo, os pais resolveram recorrer a outros meios para tentar dar uma vida digna ao garoto. Aos 11, ele ganhou dos um moderno sistema de computador que o permitiu se comunicar e "falar" a partir dos movimentos de cabeça.

Na adolescência, depois de aprender a ler em casa e, depois, frequentar a escola, Rick começou a se interessar por esporte, como boa parte dos meninos de sua idade. Foi quando Dick Hoyt se propôs a um desafio intenso e transformador: fazer de tudo o possível para realizar os desejos do filho relacionados à prática de atividades físicas.

Assim, eles participaram de sua primeira corrida juntos, em 1977, com o pai empurrando a cadeira de rodas por oito quilômetros. O detalhe: Dick Hoyt, na época com 36 anos, não era corredor e, de uma hora para outra, precisou se adaptar à rotina de exercícios e alimentação.

Não foi fácil. Quando o filho ia para a escola, ele treinava todos os dias empurrando uma cadeira de rodas com uma bolsa de cimento. Mas, à medida que os tempos iam baixando nas provas, as dificuldades se transformaram em motivação. Pai e filho nunca pararam de correr.

Ao longo das últimas quatro décadas, o "time Hoyt" já participou de mais de mil corridas pelos Estados Unidos, incluindo 257 provas de triatlon, entre elas a desafiadora Ironman, feitos que fizeram dos dois celebridades e heróis nacionais nos Estados Unidos.

Apenas para se ter uma ideia do que estamos falando: em 1992, a dupla completou uma de suas várias maratonas em 2 horas e 40 minutos, apenas 39 minutos a mais que o atual recorde mundial, do queniano Eliud Kipchoge, que não precisou empurrar ninguém enquanto corria.

Dick e Rick Hoyt recebem homenagem no prêmio ESPY em 2013 Imagem: John Shearer/Invision/AP

Mas como é possível disputar um triatlo?

Para a parte de natação da prova, Dick costuma usar uma corda presa ao corpo para puxar Rick na água. Ele vai sentado em uma espécie de barco. Já na parte de ciclismo, o Rick vai na frente, empurrado em uma bicicleta especialmente projetada para alcançar altas velocidades.

Muito além do exemplo de superação, toda essa experiência esportiva teve importância crucial no desenvolvimento de Rick Hoyt, que pôde ser formar 1993 e trabalhar no laboratório de informática do Boston College ajudando a desenvolver sistemas de comunicação e acessibilidade para pessoas que, como ele, precisam de apoio para ter uma vida normal.

Juntos, eles já ganharam receberam várias homenagens e prêmios, como o Jimmy V Perseverance Award no ESPYS, premiação do canal ESPN que reconhece grandes feitos de grandes atletas.

"A coisa que eu mais gostaria de fazer por meu pai seria colocá-lo em uma cadeira e poder empurrá-lo com minhas forças", disse ele em entrevista, ao ser questionado sobre qual seria seu maior desejo de vida. Todos os outros ele já realizou.

Fonte: UOL Cinemas // Leonardo Rodrigues

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