Castanha

As castanhas são os aquénios (geralmente três) do ouriço, o fruto capsular epinescente do castanheiro-da-europa (Castanea sativa) ou das demais variedades espalhadas pelo mundo, como a Castanea molissima (China), Castanea crenata (Japão) e Castanea dentata (América do Norte).

Castanheiras são espécies do gênero castanea, esta qual possui ao menos 12 espécies. São árvores da família das fagaceae, decíduas e que podem atingir 30 metros de altura. Suas folhas são lanceoladas e com a borda serrilhada.

Presume-se que a castanheira seja oriunda da Ásia Menor, Balcãs e Cáucaso, acompanhando a história do hemisfério Norte a mais de 100 mil anos. No Japão, durante a era glacial quando o nível do mar esteve muito mais baixo do que o nível atual, as ilhas do Japão estiveram conectadas ao continente, sendo este acesso o que levou, a 20 mil anos atrás, as castanhas a serem plantadas por hominídeos caçadores-coletores, no território do atual Japão. A par com o pistácio, a castanha constituiu um importante contributo calórico ao homem pré-histórico que também a utilizou na alimentação dos animais.

Os gregos e os romanos colocavam castanhas em ânforas cheias de mel silvestre. Este conservava o alimento e impregnava-o com o seu sabor. Os romanos incluíam a castanha nos seus banquetes. Durante a Idade Média, nos mosteiros e abadias, monges e freiras utilizaram frequentemente as castanhas nas suas receitas. Por esta altura a castanha era moída, passando a ser um dos principais farináceos da Europa.

Com o Renascimento, a gastronomia assume novo requinte, com novas fórmulas e confecções. Surge o marron glacé, passando de França para Espanha e daí, com as Invasões Francesas, chega a Portugal.

A castanha que comemos é, de facto, uma semente que surge no interior de um ouriço (o fruto do castanheiro). Mas, embora seja uma semente como as nozes, a castanha tem muito menos gordura e muito mais amido (um hidrato de carbono), o que lhe dá outras características interessantes para a alimentação. As castanhas têm mesmo cerca do dobro da percentagem de amido das batatas. São também ricas em vitaminas A, B1, B2, C e B6 e uma boa fonte de potássio e de zinco. Consideradas, actualmente, quase como uma “guloseima” de época, as castanhas, em tempo idos, constituíram um nutritivo complemento alimentar substituindo o pão na ausência deste, quando os rigores e escassez do Inverno se instalavam. Cozidas, assadas ou transformadas em farinha, as castanhas sempre foram um alimento muito popular, cujo aproveitamento remonta à Pré-História.

No Brasil, por razões históricas e para diferenciar de outras castanhas nativas do país, é conhecida como castanha-portuguesa.